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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Mulheres protestam contra violência doméstica após morte de manicure em Dourados

Alan de F. Brito, de Dourados

Na manhã desta segunda-feira (31), mais um caso de violência doméstica termina com a morte de uma mulher. Segundo a assistente social do Centro Especializado no Atendimento à Mulher, Bárbara Nicodemos, não foi um caso isolado, como indicam os números. O centro atende em torno de 80 mulheres encaminhadas pela Delegacia da Mulher de Dourados, todos os meses.
Não foi a primeira vez que a mulher foi agredida pelo marido, mas foi a última.
A manicure Jamile Letícia de Souza Santos, de 29 anos, moradora do Jardim Canaã I, foi brutalmente assassinada pelo ex-marido em frente aos três filhos. Wander Arantes da Rosa, o ‘Maguila’, de 42 anos, foi a casa onde residia a manicure por volta das 6h00 da manhã de segunda, com o objetivo de se reconciliar com Jamile. Devido às negativas da ex-esposa, Maguila a esfaqueou. As facadas atingiram o rosto, uma das mãos e o peito da vítima.
Vizinhos ouviram os gritos da mulher e ligaram para polícia e SAMU. Segundos eles, a demora no atendimento, tanto da polícia, quanto do SAMU, levaram Jamile ao óbito. A situação revoltou os moradores do bairro nesta terça-feira (01), véspera do Dia dos Finados, durante o velório da manicure, que aconteceu na capela da Associação de Moradores do Canaã I.
O clima de descontentamento era latente e logo surgiram as primeiras demonstrações disso na fala dos moradores: “Falta policiamento e nosso bairro é um dos mais perigosos de Dourados”, afirmou uma das moradoras vizinha de Jamile. A mulher, que não quis se identificar era apenas uma das vozes do coro de moradores que reclamavam também do atendimento que deveria ter sido prestado pelo SAMU, bem como da situação da saúde no bairro e em Dourados. “É um descaso”, diziam os moradores.
Segundo eles o SAMU foi acionado, mas não foi ao local. 45 minutos depois da ligação para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, o Corpo de Bombeiros chegou ao local. Jamile chegou a ser socorrida e encaminhada para o Hospital da Vida, porém devido à demora e a gravidade dos ferimentos, não resistiu. Segundo informação do atendimento do Samu e do Corpo de bombeiros, não foi possível acessar os dados do atendimento devido ao recesso administrativo por conta do feriado.
Segundo a amiga da vítima e dona do salão onde trabalhava Jamile, Diva Bonvéquio Gravassi, a mulher já havia denunciado o ex-marido, que foi preso, mas devido a insistência dele de que iria mudar de cidade e deixar de incomodar e agredir a vítima, as queixas foram retiradas. “Ela tinha um coração grande demais”, disse a dona do salão. “Isso foi uma tragédia anunciada, a polícia sabia, e nada foi feito para evitar o pior”, disse uma das colegas de trabalho de Jamile.
A radialista Keiliana Fernandes, que era cliente e amiga da vítima, organizou um protesto/cortejo, que percorreu as principais ruas de Dourados, partindo do Canaã I e que se dirigiu ao cemitério Santo Antônio, como um protesto pela falta de segurança das mulheres.
Alan de F. Brito


A casa onde morava Jamile com os três filhos, fechada após assassinato da manicure
Jamile teria acusado o ex-marido enquanto era atendida pelo Corpo de Bombeiros. ‘Maguila’ foi preso na casa de sua mãe, residente do mesmo bairro. Ele continua detido no 1° DP enquanto aguarda remoção para o presídio Harry Amorim Costa. Wander já havia respondido por homicídio em processo do qual foi absolvido. O ex-marido confessou o assassinato da esposa, segundo a polícia civil.